28.7.10

Hoje

De manhã, na praia da "menina do mar" (quero escrever sobre ela mas não agora), íamos em fila indiana, eu atrás e as crianças à frente, a sair do mar, quando de repente ouço a 10 cm de mim um bruto dizer: - Ó inteligente! Já podias parar de destruir isso!...
Bem..., numa milésima de segundo, olhei para os miúdos e vi o G. despreocupadamente, como só um rapaz, a emborrachar um carreirinho de areia, pé ante pé. Olhei, e retive o som do Ó inteligente! Milésima de segundo...
Ouvi, colado a mim quando ia a passar:
- Ó inteligente! Já podias parar de destruir isso!...
- Ó grandão! Já-podia-ter-mais-calma-e-perceber-que-a-criança-se-calhar-nem-se-apercebeu-de-nada-rrrrr!...
Vomitei as palavras, olhos nos olhos em tom médio porque a 10cm., num milésimo de segundo. A expressão mudou, adoçou -se e atrapalhou-se, e eu, baixei os olhos, porque também me atrapalhei com a velocidade e a proximidade., nunca mais olhei.
- Pois… sim, é que ele ia por ali fora…
- Pois, mas ele ainda nem percebeu, vai daí, ó inteligente…
- Pois…, talvez
- Pára G. olha que estás a destruir a construção deste senhor.
- Vá ajuda aí, pronto, já está refeito o dique holandez... Desculpe.
Quando chegámos às toalhas lá tive eu que explicar o que era um dique holandez, e o nível do mar, a história do menino que tapou o buraco... Mas pelo canto do olho, detrás dos óculos escuros, voltei a ver o homem, a seguir o carreirinho que ia do mar até perto de nós, ao filho (do tamanho dos "meus"). Sei que também nos viu. Depois, pai e filho, pegaram em óculos e respiradouros e cúmplices foram explorar o fundo do mar.
Bolas, nem acredito que rosnei grandão a um homem que não conheço, a 10cm dos olhos :l Mas também quem lhe mandou não saber escolher as palavras e o tom, - Ó inteligente!...
Budista...
Amanhã se lá estiver, ponho-lhe o filho a jogar petanga, com a quarta cor que anda a sobrar.
Já de tarde no carro, só com duas irmãs, entre histórias que lhes conto dos meus amores quando tinham a idade delas, conta-me a mais pequena:
- sabes Joana, eu lembro-me de uma coisa que o meu pai me disse quando era pequena (oito anos acabados de fazer :)  tinha cinco, ou quatro, e que nunca me esqueci porque foi muito bom :)
- espera… não me lembro das palavras… Ah sim! Disse-me… que se eu não tivesse nascido ele não era feliz…
:)

Ontem

chegou uma carta dela para mim e para a irmã. Um envelope A5, as letras escritas por ela…, cheirei-a e comovi-me :) Estava com algumas das “minhas” crianças e assim que compreendi o tamanho da emoção fui logo avisando que estava com mimo, porque a carta era da maria… Já em casa abri-a e inspeccionei-a de trás para a frente, quase a ver se a encontrava. De um lado um padrão feito, diz ela na carta, com um pé de bróculo à laia de carimbo :) do outro a estética de sempre, também das palavras, poucas mas poderosas, e sempre com muito espaço, para podermos completar a história de amor, nas entrelinhas. As lágrimas caíam e eu de sorriso rasgado para não os assustar, guardei a carta para mais tarde e lá comecei o discurso sobre emoções e os vários tipos de choro. De tristeza, de dor, de alegria, de desgosto, de comoção, de amor.

"é por isto que está tudo bem :)"

Queria pôr aqui umas fotografias que a grande me enviou :), mas estão num formato esquisito. São fotografias da mais nova a fazer caretas e a rir às gargalhadas. Em cada imagem aparece, num rectângulo pequeno, no canto inferior esquerdo (como naqueles programas com a senhora da linguagem gestual), a grande a rir também às gargalhadas :) Lindas a adorarem-se e a matar saudades, pelo Skype.
O título é o assunto do mail dela, que sabe que não faço pesar, mas ainda assim me quer sossegar.
"sinto-me leve, feliz! tenho um mundo de saudades de casa, mas estou bem porque vos trago sempre comigo.
:)
é por isto que está tudo bem :)

25.7.10

noites quentes pré lua cheia


medicina
psicologia cognitiva
sandálias
calor
água
chocolate
corpo
tarot
fotografia
:)

24.7.10

Os meus amores

:)

Agosto, também

:)

quero um Buda

E eu :)

Passei a dormir nua, e gosto muito de casas

23.7.10

E eu...

:) quase em Agosto

Universo . Liberdade

E eu que sei que as “coincidências” não são o que dizem ser, e sei que está tudo por aí, por toda a parte para todos, pronto para aproveitar. E sei que também desta vez, apanhada de surpresa, é só olhar e procurar. Levar comigo o importante, desta vez com a cicatriz do desgosto, desta vez o reconhecimento da minha negada disponibilidade e vontade de amar. Está tudo aí, o que no fim fica, a grande amiga feita à minha medida de verdade, o encarar no outro a verdade de mim própria, também na medida de originalidade, a horta que inspira e antecipa a minha. Tantas pequenas coisas, e claro, a Rua da Liberdade,
a olhar o rio e a cidade, o meu mar, do lado de lá.
Ala que se faz tarde!
Ai Agosto…, vai ser um mês muito importante. 

Coragem não reactiva. A palavra deste ano, só agora assumida.

Universo
E agora que também deixei de confiar vou, mas ainda assim certa de querer partilhar, tudo e nada. Desta vez, vou ser precisa no pedido ao Universo :) Gosto de casas, hum..., gosto de saúde :) gosto de natureza perto da cidade. E de crianças claro. Ah e de uma biblioteca para juntar à minha. Tudo o resto terá que ser coragem, criatividade e Liberdade para amar.

21.7.10

Ioga, mês 1




E eu que não acredito na política de hoje, tal como a conhecemos, apenas porque por nós concebida e nós também não somos certos. Acredito na Natureza e no poder que terá, mesmo antes de darmos cabo dela e por consequência de nós próprios, de se salvar, fazendo-nos desaparecer da face da terra…


Não somos certos mas podemos, de facto fazer a diferença e tal como no ioga, não existe uma medida a atingir, um fim, uma ideia… o importante é dar o passo seguinte, o nosso passo seguinte, real, imenso para nós, porque um passo à frente, sempre um pé de cada vez, andar…


A partir deste mês, todos os meses durante um ano, vou dar um-passo-meu de cada vez. Pequeno mas imenso porque real.





Este 1º mês ponho em prática o que quase pensava já ter feito, de tanto já ter pensado em fazer. Enchi uma garrafa de plástico de 1,5l, com areia, coloquei-a no autoclismo e já está, para sempre...


Poupo 1,5l por descarga, se forem 10 por dia, são 15l, vezes 10 dias, 150l, vezes 3, faz 450l num mês, vezes 10, quase um ano, 4500l mais litro menos litro, apenas com um gesto... Demorei anos entre a simpatia pela ideia, agora um passo dado, o meu passo seguinte, real, imenso para mim, porque um passo à frente. Fácil, não? Equilíbrio entre a ideia utópica de perfeição e a possibilidade da nossa medida de verdade, em Liberdade, em acção. Muito gosto eu de ver tudo misturado :) Ioga!

10.7.10

Liberdade

Ser Livre
É mais difícil ser livre do que puxar a uma carroça. Isto é tão evidente que receio ofender-vos. Porque puxar uma carroça é ser puxado por ela pela razão de haver ordens para puxar, ou haver carroça para ser puxada. Ou ser mesmo um passatempo passar o tempo puxando. Mas ser livre é inventar a razão de tudo sem haver absolutamente razão nenhuma para nada. É ser senhor total de si quando se é senhoreado. É darmo-nos inteiramente sem nos darmos absolutamente nada. É ser-se o mesmo, sendo-se outro. É ser-se sem se ser. Assim, pois, tudo é complicado outra vez. É mesmo possível que sofra aqui e ali de um pouco de engasgamento. Mas só a estupidez se não engasga, ó meritíssimos, na sua forma de ser quadrúpede, como vós o deveis saber.

Vergílio Ferreira, in 'Nítido Nulo'