30.1.10

:)


Arrisquei um dia, num exame em que nos questionávamos acerca das fronteiras do "normal" e da subjectividade dos homens. Entre teorias obrigatórias e importantes dos que fazem ciência acerca de nós próprios, o poeta Ferreira Gullar iluminou-me o caminho... E eu, dei-me bem no arriscar :)

Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
alomoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?