18.3.11

On Air

Nunca gostei de passarinhos e periquitos, daqueles em gaiolas, em casa das pessoas. Para além do preconceito estético-intelectual, a verdade é que para mim não faz sentido nenhum ter prazer em olhar um ser que tem a capacidade de voar, assim enclausurado...
De animais, gosto mais de mamíferos, os pássaros por regra enervam-me e mete-me impressão quando lhes imagino o esqueleto... Não sei porquê, talvez tenha de algum modo que ver com uma antiga fobia da minha mãe por qualquer tipo de aves, mais propriamente por penas. A Pulga quando passeava por Lisboa com a mãe tinha por missão importantíssima, virar as esquinas em primeiro lugar, e assegurar que a mãe não tinha um encontro surpresa com alguma pomba. Sentia-me importante, na altura. Momentos e sensações raros, que apesar de sustentados pela importância da fobia, bons porque verdadeiros.
Ando deliciada há uma semana com o BigBrother, versão passarinho, deste ninho. Já peguei o hábito aos miúdos e todos os dias volta não volta vamos espreita-los, mãe e filhos. Já os alertei, que visto ser em directo, tudo pode acontecer... Sem grandes exageros de possibilidades, acautelo-os para qualquer eventualidade natural. Afinal de contas, são miúdos da cidade e não têm preparação para "cruezas" da natureza... Imagine-se se assim de repente, enquanto a mãe passarinho voa para ir buscar comida, aparece um gato?... - acho que não gostava de ser passarinho!... diz um deles, muito pensativo, enquanto espera que a mãe, faça mais qualquer coisa para além de respirar e olhar em redor, protegendo os filhos do frio...