9.6.11

Saltar a(à) macaca


A sensação recente e repentina, a epifania, o que for… Estive apaixonada, não…, “estive-amada”, que é bem pior quanto aos estragos, quando acontecem, fogo…, por um "macaco". Um "macaco" bom, mas ainda assim um "macaco". Foi tão estranho vê-lo tal e qual, de fora, fora de mim, de nós, "macaca" também, que já não sou, pelo menos ali assim. Que triste que me pareceu a sua condição e a que vislumbrei ter sido minha também, o nosso não existiu. Lembro-me como estava bem quando o conheci, tranquila, a sentir-me autónoma. Depois perdemo-nos os dois num abraço maravilhoso, merecido, carente, imberbe, verdadeiro, certos nos instintos, de macacos... E sofremos, cada um à sua maneira pelas razões que nunca foram dos dois, porque ele coisa-de-dois não o saberia fazer e eu não o sabia querer, tal como macacos, naquela medida que já não sou. Lembro-me do Darwin. É tudo evolutivo, claro que é. E ainda que uma canseira, não é mau nem bom que assim seja. É assim que é e pronto. Quase-budista :) E que bom, quando de repente olho para trás, para nós, e com ternura, até comovida, reconheço a vulnerabilidade do que foi, do que era, em contraste com a força do que resultou, do que afinal de contas não me matou e me fortaleceu :) Hei-de ser posta à prova outra vez, claro que sim, na vulnerabilidade das emoções, que me farão crescer novamente, num previlègio de que me orgulho de coragem de atravessar os medos e me atirar para a frente e viver tudo o que for e puder ser, cada vez mais próxima do que não será um dia engano, cada vez mais próxima de um Nós que nos representa individualmente e acrescenta, sem máscaras, feliz porque sabemos e podemos ser assim, em Liberdade :)
Curioso o momento em que tudo se uniu e se pacificou na cura. Curiosa a noite, com a cidade aos pés e o reflexo dele no vidro, só o reflexo, desajeitado, cansado, e ainda que sempre acompanhado no dia a dia, só, dentro de si. E ele aguenta, ele não chora e só consegue ver-se bom assim, para já. Na epifania que não pára, onde lhe reconheci o medo, reconheço agora a tacanhice que o tem tramado e condicionado, no olhar também de si, que o torna reflexo, ainda que preso à vida, quase sem sonhar. Curioso… Portugal é também assim tantas vezes, o reflexo da tacanhice, do medo, o que se sabe, que custa ultrapassar… No fim, a "macaca" ainda lhe roubou um beijo, mas eu, vim-me embora e saí dali, a estranhar a leveza, do que já não carregava, e cheguei a casa. Noite estranha, que continuou madrugada dentro, com o contar de vidas, de amores e desamores, mortes e nascimentos, cansaços e sonhos, decisões. Foi bom porque verdadeiro e intenso, é sempre bom quando Verdade, hája coragem para se escolher viver em Liberdade de Sí :)